Apesar do aumento na oferta de crédito para empresas, as factorings ainda são a principal fonte de recursos para milhares de pequenas companhias brasileiras. O volume movimentado pelo setor, de R$ 100 bilhões, cresceu 11% no ano passado e a previsão é que avance mais 20% em 2014, segundo a Associação Nacional de Fomento Comercial (Anfac).
A concorrência com os bancos intensificou-se nos últimos anos. No entanto, mesmo com o avanço na ‘bancarização’, muitas companhias de pequeno porte ainda não conseguem atender as exigências das instituições financeiras. É sobretudo nesse espaço que as factorings – que compram recebíveis com desconto sobre o valor total – ainda navegam quase sozinhas.
“Ainda existe no Brasil uma lacuna financeira para suprir a necessidade das pequenas e médias empresas. Há muita competição com os bancos, mas falta crédito”, afirma João Costa Pereira, presidente da BrasilFactors, controlada pelo BicBanco, pelo FIMBank e pelo IFC (braço do Banco Mundial que investe no setor privado).
Em muitos casos, as pequenas empresas encontram nas factorings taxas parecidas com as dos bancos. Pesquisa concluída no fim de 2013 pelo Sinfac-SP, sindicato que reúne as empresas paulistas de fomento mercantil, aponta que 52,75% das factorings do país operam com um fator médio de desconto de 3% a 4% ao mês (acrescido de AdValorem e Tarifas). Na máxima, a taxa pode chegar a 7% para um pequeno grupo, segundo o levantamento.
A maioria das factorings tem até cinco funcionários e negocia valores baixos, diz o presidente do Sinfac-SP, Hamilton de Brito Jr. Conforme a pesquisa, 57,15% giram em média até R$ 1 milhão por mês, grande parte em operações de curtíssimo prazo. Quase 90% das carteiras vencem em até 60 dias.
Duplicatas (46,31%) e cheques pré-datados (36,84%) ainda são, de longe, os ativos mais negociados. “Muitas companhias têm problemas de gestão, de organização, de estoques. É nessas atividades que atuamos”, afirma Luiz Lemos Leite, da Anfac.