Parte 1: 1994, o início

A esperança voltava a acenar timidamente a um povo calejado pela inflação galopante de até 2.700%. Era início de 1994, ano intenso em que o Brasil iria chorar as perdas de Ayrton Senna, Tom Jobim e Mussum dos Trapalhões, mas traria o tetra da copa dos EUA e ganharia o Real, a nova moeda que levou Fernando Henrique Cardoso à presidência com 54,24% dos votos já no primeiro turno.

Em Registro, interior de São Paulo, o professor Celso Junqueira utilizava uma reserva financeira para socorrer amigos em dificuldades. Os pedidos de empréstimo aumentavam a cada dia, mas a informalidade da operação causava-lhe mal estar. E o desejo de regularizar a prática motivou-o a buscar, junto com seu filho Renato Junqueira, alternativas legais para atuar com crédito.

Foi quando conheceram o factoring, num jornal de domingo, e viram na reportagem a resposta que procuravam. Pai e filho percorreram muitos quilômetros atrás de informações para estruturar uma empresa de fomento. Acreditavam ter encontrado uma atividade viável e relevante, embora a exigência de capital fosse bem superior aos cerca de R$ 14 mil que tinham em mãos.

Mesmo assim, em 1º de abril de 1994, juntando a poupança de Celso e o resultado da venda de duas motos de Renato, pai, mãe e filho estruturaram em sociedade a Federal Factoring, a princípio uma pequena empresa de assessoria.

Nascia ali o Grupo Federal Invest, maior rede de fomento do país, que agora completa 25 anos.

À necessidade inicial de regularizar a atividade de crédito somou-se a percepção de que só vende no Brasil quem vende a prazo. “Queríamos dar essa possibilidade das grandes redes aos pequenos comerciantes da cidade”, conta Renato. “Seria um grande diferencial. Vender a prazo no Brasil era oportunidade de vender muito. E as pequenas empresas não tinham quem as atendesse. Mas como nós também éramos pequenos, elas eram o nosso nicho de mercado”.

Estavam certos. Em pouco tempo, a Federal tornara-se realmente relevante para a sociedade e ajudava empresas a prosperar. Havia conquistado considerável clientela na cidade. Renato estava à frente dos negócios, e seus pais cuidavam da rotina burocrática.

“As coisas começaram a evoluir muito rápido. A Federal crescia, mas o comércio crescia mais. A gente precisava trazer novos parceiros. E foi duro, porque não havia profissionais dessa área. Tínhamos que contar com a experiência de quem vinha de banco”, conta Renato. “Lembro que entrevistei umas 50 pessoas. Mas por mais que a Federal estivesse progredindo, era uma empresa pequena, de um escritório e duas mesas, e dificilmente um bancário largaria os benefícios do banco para vir trabalhar com a gente”.

Difícil, mas não impossível.

A oportunidade surgiu em 2001, quando o antigo Banespa (hoje Santander), recém privatizado, lançou mais uma fase de seu programa de demissões voluntárias (PDV).

Marco Badur, conceituado profissional do banco na região, decidiu ousar. Já havia sido convidado por Renato Junqueira várias vezes e, diante do PDV, resolveu procurá-lo. “Perguntou se minha proposta estava em pé. Respondi que sim. Ele pediu o sinal de fax e mandou o papel do seu desligamento do Banespa”, lembra Renato. “Deu até um frio na barriga”.

Marco Badur era pai de família, com uma carreira sólida no banco, e escolheu abraçar a Federal, mesmo sabendo que a empresa ainda estava em início de operação. Era mesmo de preocupar. Mas a satisfação superou o receio e muita coisa boa ainda viria pela frente.

O ingresso de Marco Badur abriu as portas da Federal Invest para a chegada de outros importantes parceiros. Primeiro bancário a aderir à proposta, tornou-se referência. “E está na empresa até hoje, seguindo feliz!”, celebra Renato.