Nunca as empresas do país estiveram tão no vermelho. Ao menos é o que a Serasa Experian aponta em seu estudo sobre o nível de endividamento dos negócios, que saltou de 48,1%, em 2020, para 57,1%, no fechamento de 2021, o maior patamar da série histórica iniciada em 2008.

Para sair dessa situação, as companhias precisam levantar capital para manter suas operações até conseguir quitar as contas.

No entanto, uma série de eventos nos primeiros meses de 2023, como o caso das Lojas Americanas e a quebra de bancos nos Estados Unidos, tendem a restringir o crédito para empresas no Brasil.

A seguir, vamos entender melhor a relação deles com a oferta de crédito no país, e como isso pode reforçar o papel do fomento comercial para a saúde financeira das empresas.

Cenário de risco

A oferta de crédito sempre é influenciada pela percepção de risco daquele que cede os recursos. Por isso, as instituições costumam fazer uma análise cuidadosa de quem está pedindo dinheiro.

Contudo, além da situação da empresa que busca financiamento, o cenário econômico também influencia. Ou seja, caso o mercado não esteja favorável, podem surgir mais barreiras ou até restrição do acesso ao capital.

É exatamente isso o que vem acontecendo no início de 2023.

Primeiro, o rombo de R$ 20 bilhões no balanço das Lojas Americanas colocou todo o setor financeiro em alerta. De uma hora para a outra, os credores da companhia se viram em uma situação muito difícil, o que levou todo o mercado a ter maior cautela e rever suas políticas de crédito.

Na sequência, o colapso de bancos na região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, e a revelação de que o gigante Credit Suisse enfrenta problemas tornaram a oferta de recursos ainda mais restrita.

Crescimento das dívidas

Ao mesmo tempo, a alta da taxa básica de juros para 13,75% ao ano faz com que a dívida das empresas cresça mais depressa, elevando sua necessidade de crédito.

Para se ter uma ideia, em setembro de 2021, quando a Selic estava a 6,25%, as empresas listadas na B3 acumulavam dívidas de R$ 1,786 trilhão. Doze meses depois, a dívida saltou para R$ 2,033 trilhões, um aumento de 14%.

Dificuldades no crédito

Com passivos cada vez maiores e problemas para acessar capital, as empresas vêm enfrentando dificuldade para lidar com a situação.

De acordo com estatísticas do Banco Central, o setor financeiro concedeu em janeiro 15,3% menos recursos em novos empréstimos e financiamentos na comparação com dezembro de 2022, sendo que as operações envolvendo clientes corporativos tiveram retração de 27,1% no período.

Além disso, no quarto trimestre de 2022, empresários de todos os ramos relataram estar mais insatisfeitos com a situação de acesso ao crédito, de acordo com o estudo “Panorama da Pequena Indústria”, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Mesmo instrumentos usados pelas companhias para levantar recursos via mercado de capitais, como as debêntures, também apresentam queda neste ano. Até 22 de março, foram 28 emissões, totalizando um volume de pouco mais de R$ 20 bilhões. Já ao longo de 2022 foram 434 emissões, somando R$ 248,5 bilhões. Ou seja, foram necessários quase três meses para se chegar ao que era a média mensal de captação do ano passado.

Fomento como solução

De um lado, as instituições tradicionais, como os bancos, estão cada vez mais resistentes a conceder crédito para os negócios em função do atual contexto econômico. De outro, as captações via mercado de capitais se mostram pouco aquecidas. No centro, estão as empresas, que se veem neste início de ano em uma situação extremamente difícil para lidar com um cenário de recorde de dívidas.

Uma saída eficaz é recorrer à antecipação de recebíveis junto a uma instituição de fomento comercial. Por meio dela, o empresário consegue acessar receitas futuras mediante o desconto de uma taxa, chamada deságio.

Essa opção permite que a empresa levante o capital necessário para custear suas despesas mais urgentes, como o pagamento de salários e fornecedores, ganhando tempo para aumentar o faturamento e fazer os ajustes necessários para sair do vermelho.

Por isso, mais do que nunca, o fomento comercial tem tudo para ganhar um destaque ainda maior no papel de impulsionar os negócios do Brasil ao longo de 2023.

Escreva um comentário